Cuidado: o Vírus do Papiloma Humano (VPH) continua a ser muito contagioso e perigoso para a saúde feminina. Quer saber porquê?
Existem à volta de 40 tipos de Vírus do Papiloma Humano que afetam a área genital e anal. Nos casos em que a infeção se torna persistente, em princípio mais de 2 anos, pode-se desenvolver cancro do colo uterino. E, infelizmente, este é o segundo cancro mais frequente nas mulheres a nível mundial. Em Portugal, registam-se cerca de 720 novos casos deste tipo de cancro por ano.
Como se transmite o vírus do papiloma humano (VPH)?
Transmite-se facilmente por contacto sexual. A penetração não é imprescindível para adquirir a infeção. O contágio pode acontecer através do contacto pele com pele na zona genital. Os preservativos, apesar de reduzirem o risco, não nos protegem completamente, diz-se que até 75% das mulheres sexualmente ativas, de qualquer idade, está ou esteve exposta à infeção em algum momento da sua vida.
Felizmente, quando o vírus acede às células do colo uterino, existe uma resposta inflamatória e imune do local que consegue eliminá-lo a maior parte das vezes. Apenas quando a infeção se torna persistente e muitas vezes com a ajuda de outros fatores, como tabaco, partos com dano no epitélio cervical, doenças crónicas ou stress, que alteram a imunidade, ocorre a possibilidade de se produzir uma lesão pré-maligna.
Como prevenir esta infeção?
Como temos comentado, não é fácil. Este vírus tem muita facilidade em infetar a pele e as mucosas com o simples contacto direto. Portanto, o que podemos fazer?
1. Vacinas: embora sempre tenhamos ouvido que esta vacina está indicada para jovens dos 12 aos 14 anos, que ainda não tenham iniciado relações sexuais, a verdade é que é apropriada para qualquer mulher sexualmente ativa, de qualquer idade! São comercializadas duas vacinas, bem toleradas e com um bom perfil de segurança. Destas, a bivalente com o VPH 16 e 18, responsável por 70% dos cancros do colo uterino, garante imunidade durante nove anos, pelo que é uma proteção contra o cancro do colo do útero nas mulheres não infetadas por estes tipos virais. O seu ginecologista pode prescrever-lhe a vacina e esta é administrada em três doses.
2. Citologias: a vigilância através da consulta ginecológica periódica, fazendo uma citologia mediante a qual se obtêm células do colo uterino, pode ajudar a detetar a infeção do vírus. A maior parte das vezes, apesar da citologia revelar lesões leves, acabam por se resolver por si mesmas graças ao nosso sistema imunitário. Portanto, não é preciso ficarmos alarmadas quando se deteta uma anomalia na citologia, uma vez que geralmente não é necessário tratamento, mas sim vigilância!
No entanto, nas mulheres com mais de 35 anos, se a infeção se tornar persistente, esta pode transformar-se numa lesão de grau elevado. Nestes casos, o seu ginecologista fará uma recolha de células do canal do colo uterino para um estudo genético e detetar a presença do ADN do vírus nas células, saber que tipo ou tipos de vírus são responsáveis pela infeção e qual o seguimento a fazer.
E se o VPH for detetado na citologia?
O seu ginecologista vai dizer-lhe quais os controlos a fazer. A colposcopia permite ver a zona, analisá-la e extrair uma amostra para se fazer uma biopsia. Se for diagnosticada uma lesão de grau elevado, uma conização extirpa o cone do colo uterino que contenha a lesão, o que a maioria das vezes elimina a lesão.
Recorde: pela sua saúde é aconselhável solicitar a vacina e não deixar de fazer as revisões ginecológicas, sempre, mesmo que tenha 65 anos.