No entanto, estes progressos foram acompanhados por uma excessiva “medicalização” do parto, até se chegar ao ponto de o desumanizar. Nos anos 50-60, a mulher que entrava no hospital para dar à luz vivia o parto sem o acompanhamento familiar e, depois do nascimento, o bebé era levado para o conhecido “berçário”. Nesta época, a comunicação e a empatia médico-utente praticamente não existia. Desta maneira, o grande avanço e a descida da mortalidade materno-fetal contrastava com o excessivo intervencionismo nos partos de curso espontaneamente normal.
O plano de parto
Como consequência disto, surge nos anos 80 o denominado “plano de parto escrito”, onde a mulher começou a expressar os seus desejos e expetativas sobre o processo do parto. Em certas ocasiões, a definição deste plano gerou polémica entre os profissionais de saúde e as utentes, devido a discrepâncias em relação às medidas que não são necessárias, inseguras ou eticamente inapropriadas, sobretudo com o objetivo de humanizar o processo e de salvaguardar o bem-estar da mãe e do filho.
Neste sentido, a OMS elaborou recomendações que atualmente são respeitadas pela maioria dos centros hospitalares. Estas recomendações deixam orientações sobre a administração de epidural, segundo o desejo materno, a escolha da posição no parto, e aleitamento precoce ou a promoção do ato pele com pele, entre outros.
Mas o mais destacável é a necessidade de criar unidades de atenção obstétrica, onde não só se dê importância aos avanços tecnológicos, mas também aos aspetos emocionais e psicológicos do nascimento.
Neste sentido, sempre e quando não existam fatores de risco ou situações médicas que obriguem a uma medicalização do parto, tudo o que seja informar, facilitar a compreensão do processo e fazer com que a mulher participe em determinadas decisões, repercutirá numa atitude positiva da grávida no dia do parto e contribuirá para que gira emocionalmente melhor a experiência.
Em suma, é necessário preparar um plano de parto que salvaguarde o bem-estar da mãe e do filho e fomente a qualidade da experiência do nascimento no plano físico, emocional e sociocultural.