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Já ouviu falar da permarexia?

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Contar as calorias de forma obsessiva, analisar as etiquetas dos produtos e estar continuamente de dieta pode levar a um transtorno alimentar chamado permarexia.




Se está a fazer uma dieta para perder peso, é normal que esteja atenta às calorias que ingere e que, ao fazer compras, se fixe na quantidade de nutrientes, gorduras e açúcares de cada alimento que vai colocando no carrinho de compras, mas cuidado! O que lhe recomendamos é que faça a sua dieta sempre orientada por um dietista-nutricionista, que lhe indicará a forma mais adequada à sua idade, metabolismo e estilo de vida.

O que é a permarexia?

De cuidar-se e procurar não ingerir gorduras prejudiciais ou açúcares refinados de mais a viver obcecada a contar calorias ou a testar todas as dietas restritivas e desequilibradas nutricionalmente há uma grande diferença. Esta última situação é conhecida como permarexia.

Apesar de não ser um termo médico oficial, encontra-se agrupado nos manuais psiquiátricos no grupo de Transtornos do Comportamento Alimentar Não Especificados (TCANE), ao lado da ortorexia, entre outros.

“Os transtornos alimentares não especificados estão relacionados com a maneira como comemos e com a perceção que temos de como essa alimentação afeta o nosso físico”, informa Pilar Conde, psicóloga da Clínicas Origen, a maior rede de clínicas de psicologia e psiquiatria em Espanha.

Como saber se sofremos de permarexia

Sustentam os especialistas que seguramente o mais preocupante deste transtorno é que, em geral, quem padece deste problema não tem consciência disso. A permarexia invade muitos aspetos do dia a dia das pessoas que sofrem desta condição: o que leem nas redes sociais, na imprensa, as conversas com familiares e amigos, o modo de fazer compras e de cozinhar, as aplicações que descarregam para o telemóvel… Podemos considerar tudo isto uma doentia forma de vida.

E embora isto se possa entender apenas como uma desordem no comportamento, o momento em que a coisa começa a pôr-se séria é quando os médicos e os educadores se dão conta que a permarexia é um dos fatores de risco com maior peso na origem de problemas como a anorexia ou a bulimia, segundo  aponta o Dr. Miguel A. Harto, médico psiquiatra especialista em patologia aditiva e dual. “As pessoas com permarexia aderem a muitas dietas que são apresentadas como milagrosas, com o objetivo de reduzir o peso corporal. De facto, este é um dos critérios usados para diagnosticar a doença: ter experimentado mais de três dietas diferentes num ano, todas elas com o objetivo de perder peso”, acrescenta.

Esteja atenta a estes sintomas

O especialista enumera na sua conta de Instagram alguns dos sintomas que as pessoas com permarexia costumam apresentar:

  • Têm obsessão pelas calorias ingerias. Contam as calorias de todas as refeições e, quando compram alimentos, das etiquetas nutricionais;
  • Fazem dietas hipocalóricas e muito restritivas, evitando assim o medo patológico em ganhar peso. Costumam inscrever-se em dietas milagrosas e consumir produtos “adelgaçantes”;
  • Restringem a quantidade e o tipo de alimentos que ingerem; têm listas de produtos proibidos;
  • Sofrem oscilações no peso corporal. Costumam apresentar alterações significativas de peso e de padrão alimentar, mas habitualmente estão com um peso normal, o que dificulta o diagnóstico;
  • O peso influência a autoestima e o estado de espírito destas pessoas;
  • Valorizam a sua valia pessoal, o êxito e o bem-estar emocional em função do seu tamanho, peso e silhueta corporal.

A tudo isto, acrescenta, “como acontece na maioria dos transtornos psicológicos, costuma estar associada uma origem multifatorial: baixa autoestima, insatisfação corporal, instabilidade emocional, rasgos obsessivos e a grande importância que dão à opinião dos demais”.

Quais são as consequências de viver com permarexia?

Quem passa a vida a contar calorias deve saber que isto não se trata de uma rotina inócua. Desejar restringir ao máximo, descartando grupos inteiros de alimentos, recorrendo a dietas profundamente desequilibradas, é um motor para alterar o padrão alimentar, tornar louca a química cerebral, cair no efeito ioiô, gerar ciclos controlo-descontrolo e alterar o humor e as emoções, entre outras coisas.

Há tratamento para a permarexia?

Sim, e o acompanhamento costuma ser feito por psicólogos e nutricionistas (normalmente com a ajuda de um psiquiatra). O mais urgente nestes pacientes é ajudá-los a modificar as ideias disfuncionais que têm sobre os seus corpos e sobre a comida. Paralelamente, é trabalhada a baixa autoestima, a rigidez de pensamentos e o possível isolamento social, três problemas que costumam estar associados a quem sofre de permarexia.

Para a psicóloga da Clínicas Origen, viver em cima da balança tornou-se algo mais comum do que seria desejável, uma vez que entrou no terreno das obsessões e pode chegar a relacionar-se com os transtornos ligados à autoestima e à imagem pessoal.

“A preocupação excessiva com a forma como nos vemos e como os outros nos veem, explica, multiplicou-se na última década, e um dos fatores com influência são os milhares de milhões de olhos que observam através das redes sociais. Esta exposição excessiva coloca a pessoa num lugar especial de vulnerabilidade, pois as dúvidas, os temores e os medos à rejeição aumentam exponencialmente conforme a pertença a diferentes redes sociais e as visitas, comentários e outras interações”, conclui a especialista.

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