O sexo na menopausa mantém a elasticidade vaginal
Os especialistas em saúde feminina afirmam que a queda dos estrogénios, que ocorre com o fim da menstruação, tende a adelgaçar o tecido vaginal, diminuindo a sua espessura e elasticidade, o que se traduz em secura, irritação e risco de dor durante as relações sexuais.
As boas notícias? É possível melhorar esta situação aumentando o fluxo sanguíneo local – e isso consegue-se através da estimulação. A penetração é uma via, mas não a única: o uso de brinquedos (para os quais não existe idade), a massagem manual dos tecidos… existem várias opções. Com melhor irrigação, os tecidos oxigenam-se e nutrem-se, o que se traduz em maior elasticidade e tonicidade.
Segundo se lê no site da North American Menopause Society – uma organização sem fins lucrativos que, desde 1989, tem como missão capacitar profissionais de saúde e oferecer-lhes ferramentas e recursos para melhorar a saúde das mulheres durante a menopausa e depois dela –, “a atividade sexual frequente contribui para manter os músculos vaginais tonificados e prevenir a atrofia vaginal”.
Assim, mesmo que a elasticidade não se recupere totalmente em todos os casos, praticar sexo com alguma regularidade durante a menopausa ajuda sempre a conservar uma flexibilidade que, de outro modo, se perderia com a idade.
Um benefício de fazer amor na menopausa? Melhora a circulação
Depois de mencionados os efeitos benéficos do sexo na irrigação sanguínea da área genital, parece que o orgasmo também se repercute na circulação geral, melhorando a função cardiovascular ao ativar a frequência cardíaca de forma controlada.
Mas não se entusiasme em demasia – isto não substitui o exercício físico regular, que é inegociável numa fase em que o risco cardiovascular pode aumentar. Não deixe de praticar desporto. E, sobretudo, siga o melhor dos conselhos: ao chegar aos cinquenta, compre uns halteres.
Menopausa, sexo e libertação de endorfinas
Em qualquer idade, e em qualquer parte do mundo, desfrutar da intimidade e experimentar orgasmos desencadeia a libertação de endorfinas – esses preciosos neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais e que elevam o nosso estado de espírito. Reduzem o stress, aliviam a dor e promovem a sensação de bem-estar. Pode chamá-las sempre que quiser, através do sexo na menopausa.
E isto não é uma mera opinião: é o que afirma o estudo “Os benefícios da expressão sexual para a saúde” de W. L. Gianotten et al. (2023), segundo o qual, em mulheres com níveis hormonais em mudança, as concentrações de β-endorfinas podem estar alteradas, e a atividade sexual pode contribuir para o seu equilíbrio. Interessante, não é?
Mais sexo na menopausa = um casal mais unido
Não é segredo para quem vive em casal: a ligação emocional que se cria na intimidade pode reforçar a união – e o contrário, quando essa ligação não existe. Num momento de maior vulnerabilidade pessoal como este, é fundamental compreender o sexo na menopausa como algo que vai para além do ato físico. Ternura, comunicação e paciência são essenciais, e é preciso confiar no processo.
A conexão emocional fortalece sempre o vínculo e melhora a própria experiência sexual. Muitos estudos sobre a sexualidade na menopausa, como “Associação entre os sintomas da menopausa, a função sexual e a atividade sexual: um estudo transversal” de Danielly Yani Fausto et al. (2023), apontam que a qualidade relacional é uma variável determinante para manter uma vida sexual satisfatória. É hora de mudar de perspetiva e dar uma oportunidade ao novo binómio: menopausa e sexo.
Bónus: Fazer amor na menopausa pode contrariar os efeitos negativos da diminuição dos estrogénios
A Sociedade da Menopausa é clara quanto a isto e incentiva a não abandonar a vida sexual durante esta fase, uma vez que muitos dos fatores que afastam da atividade íntima regular são precisamente os que melhoram quando se pratica sexo. Claro que aqui não se aplica a lógica do no pain, no gain.
Pode – e deve – fazê-lo sem dor, recorrendo a todas as ajudas disponíveis: terapias hormonais de substituição sob supervisão médica, lubrificantes, cremes vaginais com estrogénios em baixa dose… Segundo estas especialistas norte-americanas, o próprio sexo funciona como um estímulo local não farmacológico, que ajuda a manter o trofismo dos tecidos vaginais, promovendo o aporte sanguíneo e a estimulação mecânica.
Assim, conhecendo todos estes benefícios de fazer amor durante a menopausa, esqueça a ideia de o encarar como uma obrigação – mas também não o relegue para o baú das recordações. Sobretudo, se surgir o momento, desfrute-o, sem pensar nos benefícios. O seu corpo é sábio e saberá responder.