É conhecido como “divórcio tardio” (ou “cinzento” noutros países, aludindo aos cabelos brancos) quando um casal mais velho se separa depois de um matrimónio de largos anos. As razões costumam ser várias. Comentamos aqui uma por uma…
Distanciamo-nos
É uma das causas mais comuns e realmente acontece quando é difícil identificar a causa exata do fim do matrimónio, sem que tenha acontecido uma infidelidade nem uma grande discussão. Nestes casos, ou procura novos incentivos que reativem a relação ou a reconciliação será complicada. Por outro lado, a experiência dos advogados matrimoniais diz que a maioria dos casais que caem nesta categoria são de baixo conflito e costumam colaborar para chegar a um acordo justo.
A idade
O passar dos anos gera “inconvenientes”: mais achaques, mais dores, mais rugas, menos vitalidade, mais vontade de ficar em casa… E talvez acabe por pensar que se o trocar por alguém mais jovem, o tempo também voltará para trás. Uma mentalidade “antiquada” augura um final complicado.
Superação pessoal
Depois de tantos anos a verem-se, vestirem-se ou sentirem-se da mesma maneira, algumas pessoas querem fazer mudanças na forma como vivem as suas vidas. Coisas como perder peso, fazer exercício ou melhorar a aparência… E, por vezes, pensa-se que conhecer ou procurar outra pessoa ajudará a alcançar as mudanças que se pretendem. Muitas vezes é um momento de “ofuscação transitória”, uma certa crise momentânea que talvez se possa solucionar se surgirem novos estímulos entre o casal.
Dinheiro
Oh, sim, o maldito dinheiro… Quando os casais estão nos seus melhores anos económicos, pode deixar-se passar por alto muitos gastos supérfluos e excessivos. Mas se o fluxo de dinheiro se reduzir e o casal for obrigado a viver com valores mais fixos, chega o momento da realidade. As diferenças nos hábitos de gasto tornam-se muito claras e isso pode levar a que um dos parceiros queira divorciar-se. Se houver generosidade, há solução. Mas se não for assim, o divórcio pode ser um processo longo e delicado.
Sexo
Tal como nas diferenças nos hábitos de consumo, também as diferenças nos impulsos sexuais podem afundar um matrimónio. À medida que o casal envelhece, a líbido pode diferir, às vezes de forma radical. A mediação pode funcionar nestas situações e um terapeuta familiar pode ajudar muito a salvar a situação.
Diferenças de carácter
É muito popular aquilo que se diz sobre “dois polos opostos atraem-se”. Isto pode ter a sua graça durante um certo tempo, mas há um momento em que a atração não é o centro da convivência em casal e prima mais o valor do tempo partilhado. Quer dizer, certa afinidade nos gostos, interesses e formas de usufruir a vida. Talvez uma amiga lhe tenha falado sobre aquilo de “ele só quer estar sentado no sofá a ver televisão, mas eu quero sair para dançar e divertir-me”. É a isto que nos estamos a referir. E em certas idades já é muito difícil mudar.
Como salvar um matrimónio (se assim o deseja)
Se está disposta a lutar pelo seu matrimónio e pensa que tudo é uma crise passageira que se pode resolver, aqui tem alguns conselhos que a podem ajudar:
- Recorde o que a fez apaixonar-se pelo seu marido: pode ajudar a reavivar o desejo e a emoção;
- Volte a sentir curiosidade por ele: vai ajudá-la a ouvir, a ser mais aberta e que o seu companheiro se sinta valorizado, promovendo a recuperação do vínculo;
- Agite as coisas: planifique algo novo para ambos a fim de evitar o estancamento e não duvide em sair da sua zona de conforto; mostrará muita generosidade e isso sempre agrada.
- Fale abertamente de sexo: se pensa que o problema está na cama, deixe de lado complexos e prejuízos, exponha ao seu companheiro tudo, o que pensa e, sobretudo, procurem soluções entre os dois.
E se não funcionar, tampouco tem sentido prolongar uma agonia. Porque o sinal dos tempos também reflete uma tendência curiosa: cada vez são mais os ex-casais que continuam a manter boas relações e gostam um do outro, apesar de se terem separado.