Toda a verdade sobre os tratamentos caseiros
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Por muito que tenha ouvido a sua avó a dizer, as misturas naturais feitas em casa, não só podem ter riscos para a saúde da sua pele como, no melhor dos casos, têm pouca eficácia.
Terá ouvido mais de uma vez a sua avó a contar que lavava a cútis com água fervida do arroz e esticava-o com clara de ovo, aliviava as queimaduras do sol com iogurte natural, refrescava os olhos com rodelas de pepino e usava aloé vera colhido diretamente da planta quando notava a pele irritada.
Pense bem: estas práticas tinham justificação porque naqueles tempos não havia uma oferta cosmética como a que existe hoje em dia. Mas recorrer a estes tratamentos naturais, que durante anos foram transmitidos de geração em geração, supõe uma ideia muito romântica do cuidado da pele que, infelizmente, demonstrou não estar isenta de riscos e, em geral, segundo os dermatologistas, oferece pouca eficácia ou nenhuma para se cuidar da pele como é preciso.
Em todo o caso, se, ainda assim, a ideia de tratar a pele e o cabelo com o que tem em casa é tentadora, esteja atenta ao que dizem os especialistas em beleza. Às vezes, a poupança não compensa. O nosso conselho é que aplique na pele apenas produtos especificamente formulados para este efeito. Evitará problemas e alcançará mais facilmente o objetivo pretendido.
Aloé vera diretamente da planta. Sim ou não?
Se já passou o verão em Ibiza ou em Almeria, Espanha, terá visto mil vezes como as pessoas cortam troços de aloé vera para tirar o gele, que aplicam diretamente sobre a pele. Se é verdade que o melhor aloé é o que se vende como “100% puro”, também não é menos verdade que esse suco passa por um processo de depuração absolutamente necessário para evitar problemas cutâneos nos seus diversos usos. A aloína ou barboloína, presente de forma natural na planta, pode ser tóxica para a pele, provocar irritação e ser a causa de posteriores manchas.
A verdade sobre as máscaras cutâneas ou capilares feitas com comida
Se a cosmética não se come, porque pomos comida na pele? Não assimilemos coisas que não têm nada a ver. Que o soro anti-manchas tenha vitamina C não significa que esfregar um limão numa mancha da pele a faça ficar clara. Um ácido de fruta aplicado diretamente na pele apenas a consegue irritar e fazer com que essa irritação, a longo prazo, se transforme numa mancha cutânea complicada de tirar com os procedimentos estéticos mais avançados. Isto para não dizer que a pele, quando aplicado um produto daquela forma, não absorve absolutamente nada. Mesmo que haja alguma virtude em algum dos alimentos usados, não seria aproveitado, pois uma boa formulação exige que o ativo esteja encapsulado, normalmente, em polímeros que dirigem o princípio e o fazem chegar às células.
Além disso, estas mixórdias, embora sejam denominadas de “naturais”, não são intrinsecamente seguras e, sobretudo, são inócuas. Esta segurança deve ser garantida de acordo com as regulações cosméticas de cumprimento obrigatório indicado pelo Regulamento /CE) Nº 1223/2009 de produtos cosméticos. Os riscos das misturas feitas em casa são variados e os mais comuns são dermatites irritativas e inclusive alergias por contacto.
Por outro lado, um pote de frutas feito em casa e disfarçado de máscara facial não inclui conservantes, algo que, longe de ser bom (como é muitas vezes defendido na Internet), é mau porque os conservantes são absolutamente necessários para evitar uma contaminação por sobreaquecimento bacteriano que comprometa a segurança da nossa pele e mucosas. As nossas cozinhas tampouco cumprem as condições de um laboratório, com a desinfeção necessária, e nós, a não ser que sejamos químicas especializadas em fórmulas, desconhecemos os critérios de estabilidade do cosmético, as incompatibilidades dos ingredientes, etc. Enfim, o risco pode ser enorme.
A ideia de esfoliar o corpo com sal, açúcar, areia da praia ou café moído
Já o teremos feito muitas vezes e, provavelmente, não aconteceu nada por se fazer um peeling caseiro de vez em quando. Em todo o caso, esteja atenta aos possíveis riscos (que são facilmente evitáveis): se as partículas de açúcar, sal, café, etc., forem grandes ou tiverem arestas podem criar microfissuras e erosões que normalmente infetam a pele. Nos esfoliantes mecânicos que se vedem nas lojas, as partículas esfoliantes foram perfeitamente esferificadas em laboratório para evitar a irritação da pele.
Se mesmo assim decidir fazer um peeling caseiro, duas dicas: que o ingrediente esteja o mais pulverizado possível (pode recorrer a um moinho de moer café) e que sempre, sempre, seja misturado com um bom produto de hidratação corporal, o mais demulcente possível (melhor um creme que uma loção). Claro, sem esfregar com demasiada força e usando depois proteção solar alta de amplo espetro. A mínima ferida, lave e desinfete.
Passar gelo pela cara para eliminar a má cara… É seguro?
O frio controlado é magia para o rosto cansado ou inchado depois de uma noite de excessos no prato ou no copo, mas “controlado” é a palavra-chave. O gelo (ou qualquer coisa congelada), aplicado diretamente na pele, pode provocar uma grande irritação ou, inclusive, uma queimadura. Se quiser usar gelo, assegure-se que o põe sobre o rosto embrulhado num pano ou nalgum material que esteja perfeitamente limpo e isole a pele desta temperatura excessivamente baixa.
Os famosos pepinos nos olhos
É verdade que usado como ingrediente cosmético regulado, o pepino tem um efeito adstringente e pode acalmar e aliviar o inchaço, além de favorecer a hidratação. Mas usar pepino diretamente do frigorífico coloca-nos em risco de infeção, blefarites, conjuntivite, etc. Nos olhos não ponha nada que não tenha sido formulado para esse efeito e, sobretudo, cuide muito bem da higiene.
Lavar a cara só com água: errado
Que a nossa avó o tenha feito não quer dizer que hoje não tenhamos melhores opções. Embora a água seja naturalíssima, resseca e não limpa. Faz falta um tensioativo ou surfatante para retirar a maquilhagem, filtro solar, pó, excesso de gordura ou partículas de poluição. Se o tensioativo for suave, melhor. Mas apenas água, é melhor não.
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