Deixamos-lhe aqui cinco chaves que a parteira e o ginecologista que a auxiliam terão em conta para reduzir as lesões no pavimento pélvico durante o parto.
1. Posição da parturiente
Pensa-se que a posição de lado (decúbito lateral) ou “de gatas” são benéficas para a proteção do pavimento pélvico porque facilitam a saída do bebé ao alargar o espaço. Contudo, a posição tradicional, orientando as pernas de forma adequada pode igualmente alargar o espaço do canal do parto. Inicialmente, deve-se abrir bem as ancas ao mesmo tempo que se flexionam as pernas em direção ao corpo para, finalmente, quando surge já a cabeça do bebé, fazer o movimento contrário: rotação interna de ancas e calcanhares para fora.
2. Puxo fisiológico
Não se deve forçar a saída do bebé com empurrões (puxos) fora do momento da contração. O aumento da pressão abdominal (valsalva) respetiva, se não for acompanhada de contração, sobrecarrega desnecessariamente o pavimento pélvico.
3. Episiotomia
Hoje em dia, quase todos os obstetras fazem um uso restritivo da episiotomia porque conhecem que principalmente o corte a nível lateral lesiona a musculatura. Contudo, se for necessário, devido a um elevado risco de rasgo, deve-se fazer a médio-lateral.
4. Parto instrumental
Quando é necessário facilitar a saída do bebé porque a mãe não colabora de forma adequada (esgotamento, puxo ineficaz por falta de sensibilidade adequada em determinadas epidurais…), é sempre preferível, para proteger o pavimento pélvico, o uso de ventosa em vez de fórceps. No entanto, em situações de sofrimento fetal, por vezes, o uso de um fórceps é muito mais eficaz na extração de forma rápida. Portanto, nestes casos, o obstetra deve dar prioridade ao estado do bebé e não ao estado do pavimento pélvico.
5. Período expulsivo
No caso de um primeiro parto, o período expulsivo deve durar mais de duas horas sem epidural ou três com epidural. Se se tratar de um segundo parto, ou mais, vai reduzir-se a uma hora com epidural ou duas horas sem epidural. A compressão excessivamente prolongada das estruturas do pavimento pélvico pela cabeça do bebé vai deixá-las muito debilitadas e complicará a situação para o pavimento pélvico.
Em qualquer caso, parteiras e ginecologistas, na medida do possível, têm o dever de favorecer um parto menos lesivo para o pavimento pélvico da mulher e esta deve depositar a sua confiança e compreender que nem sempre é possível evitar uma episiotomia ou não aplicar um fórceps numa situação de urgência.