Ou seja, o processo de recuperação após a cesariana pode ser muito exigente ou relativamente tranquilo. E isso depende, entre outros fatores, de seguir as orientações da equipa de saúde no que respeita aos cuidados pós-parto. Naturalmente, como cada mulher é diferente, perante qualquer dúvida, o ideal é consultar diretamente a médica ginecologista ou a enfermeira parteira.
O descanso como fator de recuperação após a cesariana
Um pós-parto descansado poderá parecer uma contradição, mas isso não significa que não devamos procurá-lo tanto quanto possível. O repouso é essencial para a cicatrização e para recuperar a energia perdida nos dias de internamento hospitalar, habitualmente muito exigentes.
A recomendação habitual para a recuperação após uma cesariana é dormir – ou pelo menos descansar e desconectar – sempre que o bebé dorme e pedir toda a ajuda necessária ao companheiro, familiares ou até a profissionais contratados para o efeito. As tarefas domésticas devem ficar em segundo plano, reduzidas ao estritamente necessário e, naturalmente, delegadas. Se se concentrar na amamentação e no descanso, o pós-parto será mais simples e sem complicações.
Na hora de descansar e dormir, tendo em conta que a amamentação pode provocar dores nas costas, é fundamental encontrar uma posição ergonómica confortável, seja deitada de costas ou de lado com o apoio de uma almofada. Idealmente, não deve levantar peso para além do bebé durante, pelo menos, quatro semanas.
Uma dúvida frequente entre as mulheres após a cesariana é saber quando podem sair à rua. A resposta mais conservadora indica que poderá começar a movimentar-se entre as 12 e as 24 horas após o parto e, passados dois dias, já deverá conseguir caminhar. O descanso é essencial para evitar dores ou a abertura da ferida, mas pode começar por circular dentro de casa, evitando usar demasiado as escadas, o que ajuda a melhorar a circulação das pernas e a postura. A partir das quatro a seis semanas, deverá já poder dar passeios.
O cuidado da cicatriz pós-cesariana
Um dos cuidados mais importantes do pós-parto, para garantir a recuperação após uma cesariana, é assegurar que a ferida cicatriza corretamente. A Dra. Cristina Juárez, ginecologista da Unidade de Partos do Quirónsalud Valencia, recomenda lavar a cicatriz diariamente “com água e sabão neutro, podendo adicionar-se clorohexidina. Habitualmente é utilizada sutura intradérmica reabsorvível que não necessita de ser retirada, mas se forem agrafos ou sutura não reabsorvível, deve ser feita consulta médica”.
Depois de limpar a cicatriz, deve secá-la bem, com toques suaves e, de preferência, com papel descartável em vez de toalha. É normal sentir ligeiro desconforto e alguma tensão, devendo apenas estar atenta a sinais de vermelhidão, supuração ou febre. Até à retirada dos pontos, o ideal é usar roupa de algodão larga, para não irritar a zona.
A importância de uma alimentação equilibrada: A dieta pós-cesariana
Favorecer a cicatrização, prevenir a obstipação e apoiar a amamentação são os três objetivos principais da dieta recomendada para a recuperação após uma cesariana. Um quarto objetivo é o bem-estar da mãe, pelo que não deve haver restrições ou cortes desnecessários. A dieta deve ser semelhante à habitual, rica em proteínas, mas garantindo uma ingestão adequada de fibras, alimentos ricos em ferro e abundantes líquidos.
Consuma diariamente várias porções de fruta, legumes, leguminosas, cereais integrais, peixe e carnes magras. Não se esqueça de manter uma boa hidratação para compensar a perda de líquidos e apoiar a amamentação. Na medida do possível, evite os alimentos ultraprocessados, que dificultam a recuperação após a cesariana e não fornecem nutrientes adequados.
Mexa-se… mas com paciência
A atividade física na recuperação pós-cirúrgica deve ser retomada de forma progressiva. Tenha em conta que, após a cesariana, os músculos abdominais ficam enfraquecidos, pelo que, nas primeiras semanas, é preferível não conduzir, não subir ou descer escadas em excesso, não levantar pesos superiores ao do bebé e evitar qualquer esforço intenso (incluindo tarefas domésticas).
Relativamente ao exercício físico, os especialistas recomendam prolongar a espera: dois a três meses. É essencial aguardar até que a cicatriz esteja totalmente fechada e firme, tanto por dentro como por fora. “De qualquer forma, cada mulher é diferente”, referem, aconselhando consulta com o ginecologista, que indicará os prazos mais adequados em função da evolução da recuperação.
“Também depende do tipo de desporto que pretende praticar e de se já era desportista antes da gravidez. Nos primeiros meses, em todos os casos, devem evitar-se desportos de impacto e piscinas públicas. Assim, se gosta de correr ou nadar, terá de ter paciência! O que pode fazer desde o primeiro dia é caminhar; é uma boa forma de recuperar gradualmente o tónus físico e, ao mesmo tempo, passear o bebé”, concluem.
Após a cesariana, usar cinta pós-parto: sim ou não?
A doutora Miriam de la Puente, ginecologista do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Clínico San Carlos, em Madrid (na plataforma Natalben do Grupo Italfarmaco), explica que, como parte da recuperação após a cesariana, se desejar utilizar uma cinta deve aguardar:
“Pode ser usada após o término da quarentena, quando o útero já readquiriu a sua posição fisiológica, por meios próprios”. Pode escolher entre a cinta tubular (que cobre apenas a zona abdominal) e a cinta tipo cueca (que cobre toda a zona inferior): “No caso das mulheres submetidas a uma cesariana, não há problema em usar a cinta completa, já que não existem pontos no períneo. E a ferida cirúrgica da cesariana, após quarenta dias, encontra-se, em geral, bem cicatrizada”, esclarece.
O que é proibido após uma cesariana
Não é recomendado conduzir devido ao risco de dor ao travar. Fumar e consumir álcool atrasam a cicatrização e são incompatíveis com a amamentação. As relações sexuais não devem ser retomadas nas primeiras seis semanas, exceto com aprovação médica. Durante os primeiros quarenta dias, deve também evitar-se frequentar piscinas, spas e jacuzzis.